sábado, dezembro 31, 2016

Lua Dourada

Agora que é a hora do agouro
Quando o dia já agoniza
A Lua protagoniza o espetáculo
Da noite que nasce afoita.
O brilho da Lua pratearia
A loura que se espraia na areia.

Nua, porém, a loura brilha ouro
E emite seus raios rumo à Lua
Cuja face oscula, e ofusca
Seu brilho de prata. Então
A Luz reluz dourada, porque
Nua, a loura doura a Lua.

Versos Bilacaetanos

Náuseas póstumas de um pretérito nojo
Preterida a vida em seu sôfrego bojo
Sujos marujos dos quais fujo
Fugas sagazes em fumaças fugazes.

Ideias iníquas, inóquas, loucas
Não feias, porque vêm das veias
Do labor de quem labuta a luta
Vibra o esmeril com vibrante esmero.

Súcubas mãos, sibilas artes
Do ourives a ouvir estrelas
Ora, dirias, certo perdeste o senso
Esqueceste o lenço, os documentos.

Fusão sem graça, insólito non sense
A graça está no inocente
Quão puramente vibram as belas artes
Dos versos cabrais de melo soneto.

Vinícios vícios do fruto da videira
Matreira visão da vida inteira
Estranha força que vence a vida
Embriaga a morte e imortaliza.

Concepção ovular do espermatozoide
Nasce a ideia de um vão orgasmo
E, no mais sacro sarcasmo, brota
Um poema de letras univitelinas
De fraternas sílabas e frases idiotas.

Plumb!

Poesia é um som:
Plumb!

O som do mergulho leve
De um lingote de chumbo
Que tomba em meio ao rio.

O barulho arrepia, sorria!

Um som plúmbeo
Poético
Como o flatear alado da pomba.

Macio feito plumas de travesseiro
O travesseiro de um sono tranquilo.

A pomba voa leve
Como leve a pluma flutua
Ambas plenas de lirismo.

Um poema
Simplesmente.

In Principio Erat Verbum

No princípio era o Verbo.

Fez-se a Luz
E o Verbo, de suas cores
Reverberou.

Fez-se a Água
E o Verbo, de sua pureza
Embebedou-se.

Fez-se o Homem
Que pela trilha da Poesia
Enveredou.

Fez-se Poeta
E o Poeta se fez Verbo
E versejou.

Assim era no princípio
Como agora e para sempre
Por todos os séculos e séculos.

Amém.

quinta-feira, dezembro 25, 2014

AI, AI, AI


Maria das Dores
Não se suportando mais
Tantos os seus ais
recorreu a Maria do Socorro
Que lhe indicou Maria dos Remédios
Que a levou a Maria do Céu
Que lhe apresentou José dos Anjos
Com quem foi feliz uma eternidade

sábado, janeiro 26, 2013

POEMA A UM ZÉ MANÉ


Ao zé mané que se afeiçoou a mim
De um jeito esquisito, assim assim,
Dedico estes versos, para por fim.

Não me leves a mal, ó xibungo,
Em teu cangote, eu que não fungo
- e não me venhas com resmungo!

Meu gosto é outro, ao teu contrário.
Respeito quem sai do armário,
Mas não caio em conto do vigário

(De quem falo preservo o nome
Pois tem assinatura de homem
E pelos no coração, é lobisomem)

Agora entendo tua alma amarga
E por que é pesada a tua carga:
É esse fantasma, que não te larga.

Se a vida monótona lhe causa zanga,
Parte para outra, solta a franga,
E vê se me esquece, velha baranga!


***
(Outro poema-chiste, também publicado originalmente no Facebook. Era para "afastar encosto", mas não adiantou. O camarada continuou "pegando no meu pé". Aconselho: melhor uma boa reza mesmo! PS.: modifiquei o título, porque alguém se sentiu retratado no poema, por mera semelhança de nomes. Espero que nenhum José Manoel venha a reclamar...)

POEMA-CHISTE


Para este poema, de minha lavra,
Procuro ansioso por uma palavra
Que bem ou mal rime com "mulher".
Olho em volta e ei-la: Tupperware!

Rogando sinceras escusas,
Despeço-me das eternas musas,
Ciente de merecer o açoite. 
A todas - e a todos -, boa noite!

(Publicado originalmente no Facebook - aqui, levemente modificado. Sou do tipo que não consegue jogar fora nada do que faz, por pior que seja...)

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Poema reticente

Adoro as reticências...
Elas...

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Estrelas lucianas

Quatro eunucos, fiéis guardiães, postam-se
Entrincheirados nas entradas de Órion
Protegendo Três Marias pudicas
Que, tão lindas, o Universo iluminam.

Mocinhas ingênuas, ainda sonham
Com príncipes que virão das histórias
Dos livros que plastificam a vida,
Gentis amantes de estelares ninfas.

Preservam-se elas com cuidado extremo,
Tão zelosas da própria virgindade,
E com tal zelosidade que é, mesmo,
Como se o só desejo as desonrasse.

Certo que desejam, e com ardor,
Mas de uma ânsia contida, tão íntima,
Que elas reprimem todo o seu calor
E suam gotinhas frias e tímidas.

Mas as delata o seu intenso brilho
E todo o Universo então adivinha.
Não há príncipes, porém, porque a vida
Conta histórias que não contam os livros.

Surge então um ardiloso asteróide
Que furtava luz em Escorpião
E envenena, com sua prosa de herói,
As três tão recatadas virgens de Órion.

Quatro guardiães foram enganados
E as Três Marias, que são, na verdade,
Uma só estrela, profana trindade,
Tiveram seus sonhos envenenados.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Poema de verdade (A truth poem)

O original deste poema (abaixo), de minha autoria, obviamente escrito em português, foi vertido para o inglês (não sei por quem) e postado em 18 de junho de 2002 por alguém de nome "Koda" num fórum de debates sobre um estranho software de nome "Diablo Keys" (vade retro!)

A truth poem

I wanted to swallow
The truth, in a cup,
at one gulp.

The men say all together,
So veritable and famous,
that the true hurts.

They know that searching it is attacking
The spirit himself
That it doesn't feel.

Digging my being, the end was one:
I found the microcosmic
Truth of a poem.


Translated from "Poema de Verdade" of Luís Antônio Albiero

(Original version)
Poema de Verdade

Queria era poder ingerir
A verdade, em cálice,
De um único gole.

Dizem-me os homens em voz comum,
Tão vero qual célebre,
Que a verdade dói.

Sabem que buscá-la é agredir
O próprio espírito,
Que ela não se expõe.

Cavando meu ser, o fim foi um:
Achei a microcósmica
Verdade de um poema.