Quatro eunucos, fiéis guardiães, postam-se
Entrincheirados nas entradas de Órion
Protegendo Três Marias pudicas
Que, tão lindas, o Universo iluminam.
Mocinhas ingênuas, ainda sonham
Com príncipes que virão das histórias
Dos livros que plastificam a vida,
Gentis amantes de estelares ninfas.
Preservam-se elas com cuidado extremo,
Tão zelosas da própria virgindade,
E com tal zelosidade que é, mesmo,
Como se o só desejo as desonrasse.
Certo que desejam, e com ardor,
Mas de uma ânsia contida, tão íntima,
Que elas reprimem todo o seu calor
E suam gotinhas frias e tímidas.
Mas as delata o seu intenso brilho
E todo o Universo então adivinha.
Não há príncipes, porém, porque a vida
Conta histórias que não contam os livros.
Surge então um ardiloso asteróide
Que furtava luz em Escorpião
E envenena, com sua prosa de herói,
As três tão recatadas virgens de Órion.
Quatro guardiães foram enganados
E as Três Marias, que são, na verdade,
Uma só estrela, profana trindade,
Tiveram seus sonhos envenenados.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
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